“Temos esta grande pretensão de inscrever as festas do Solstício de Inverno no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial (PCI), por esse motivo este ano apostamos na promoção e divulgação destes rituais ancestrais”, explicou a presidente da câmara local, Helena Barril.
A autarca social-democrata daquele concelho do distrito de Bragança acrescentou ainda que, ao longo dos últimos anos, são muitos os visitantes e estudiosos que visitam a Terra de Miranda para registar estes rituais de solstício de inverno que têm um caráter pagão, mas ao mesmo tempo uma forte componente religiosa.
“Com esta aposta na divulgação e promoção destes rituais pretendemos que sejam cada vez mais as pessoas – tanto portuguesas como estrangeiras – a deslocar-se ao território para a sua divulgação para avançar com a inscrição”, indicou a autarca.
O concelho de Miranda do Douro tem três momentos altos em relação às festas dos rituais de solstício de inverno, sendo que a primeira acontece em meados de dezembro em São Pedro da Silva onde sai à rua L Bielho i la Galdrapa.
A festa, que este ano aconteceu no domingo, consiste na “realização de uma ronda de peditório pela povoação, sendo a comitiva integrada pelo Velho, Galdrapa, Bailadores, instrumentistas e mordomos, que têm como função recolher as dádivas para festa, ao mesmo tempo saudando e convidar os habitantes para a mesma”, como se pode ler num texto da autarquia.
A festa do ‘Velho e da Galdrapa’ (na tradução do mirandês) esteve adormecida desde a década de 60 do século XX, com uma aparição na década de 90 do mesmo século, fruto de empenho de um grupo de pessoas, que recuperou durante dois anos esta tradição ancestral.
No concelho raiano de Miranda do Douro há também a festa do Menino Jesus em Vila Chã da Braciosa, um ritual celebrado no primeiro dia do ano, sendo também designada de festa do Ano Novo e de Festa da Velha.
Uma das festas de inverno mais características do Nordeste Transmontano realiza-se na parte norte deste concelho, com o ritual do Carocho e da Velha de Constantim, tratando-se de duas personagens que saem à rua desta aldeia raiana. O carocho anda mascarado para amedrontar os donos das casas e forçá-los a dar a esmola e sai 28 de dezembro pelo início da manhã.