Contudo, com os elevados custos e a dificuldade de acesso a estas substâncias, muitos têm procurado alternativas mais acessíveis e “naturais”. Uma das mais faladas é a casca de psyllium — um suplemento de origem vegetal que tem ganho fama como o “Ozempic da Natureza”. Mas será assim tão inofensivo?
A casca de psyllium provém da planta Plantago ovata e é conhecida pelas suas propriedades ricas em fibra. No contexto da perda de peso, funciona ao abrandar a absorção de glucose no sangue, o que ajuda a controlar os níveis de açúcar e reduz a sensação de fome — efeitos comparáveis, embora mais suaves, aos dos inibidores GLP-1 como o Ozempic.
De acordo com a dietista Julia Zumpano, da Cleveland Clinic, “o psyllium pode abrandar a digestão e aumentar a saciedade, dois fatores essenciais na perda de peso”. Para além disso, o suplemento é eficaz na redução do colesterol LDL (o chamado “mau colesterol”), pois liga-se aos ácidos biliares no intestino e facilita a sua eliminação.
Adicionalmente, o psyllium é um laxante natural, contribuindo para um trânsito intestinal saudável e ajudando a prevenir a obstipação e a diarreia.
Apesar dos seus benefícios, especialistas alertam para os perigos que o consumo indevido da casca de psyllium pode acarretar. Segundo o médico Heme Review, é absolutamente crucial garantir que o suplemento seja sempre misturado com uma quantidade adequada de água antes da ingestão.
“Se não for bem diluído, o psyllium pode formar uma massa espessa que se expande dentro do corpo, causando bloqueios perigosos no intestino — e, em casos extremos, pode ser fatal”, alerta o médico num vídeo recente no YouTube.
O erro mais comum é aumentar a dose para acelerar os resultados — uma prática arriscada que pode levar a obstruções intestinais graves. E tentar corrigir o erro bebendo mais água após o suplemento já ter começado a solidificar só piora o problema, pois faz com que o psyllium inche ainda mais.
Além disso, como se trata de um produto vegetal, existe também o risco, embora raro, de provocar uma reação alérgica grave, incluindo anafilaxia — uma emergência médica que pode ser fatal. E como muitas vezes não há forma de prever estas reações sem acompanhamento médico, a automedicação pode ser perigosa.
Apesar de ser uma solução acessível e com provas dadas em várias áreas da saúde digestiva e metabólica, o psyllium não deve ser encarado como um substituto direto ou isento de riscos dos medicamentos prescritos para perda de peso.