A partir de uma certa idade a vida de um ator parece tornar-se inevitavelmente mais complicada. Sobretudo se forem mulheres, as ofertas para papeis relevantes (ou como atriz principal) começam a escassear assim que começam a aparecer os cabelos brancos.
Esta obsessão da Sociedade, e em particular da indústria cinematográfica, com o ideal de juventude há muito que marca negativamente a produção de filmes em todo o Mundo. Em nenhum outro lugar essa realidade parece ser mais sentida do que em Hollywood, local onde as mulheres sentem mais a pressão para se manterem joviais de forma a continuarem a ser consideradas opções viáveis para os principais papeis.
No entanto, aos poucos esta realidade parecer estar lentamente a mudar. O movimento “Me Too” veio ajudar a colocar as preocupações das mulheres na linha da frente da discussão. Mais do que nunca, a necessidade de existir uma maior paridade e igualdade de género parece estar a tornar-se numa questão essencial para os Estúdios. Aos poucos, essa mudança tem sido sentida nos projetos e filmes que têm chegado às salas de cinema, assim como nos prémios e nomeações mais importantes.
Ontem os nomeados para os Óscares 2020 foram anunciados e trouxeram alguma surpresas positivas. Dos 20 atores nomeados, cerca de 10 têm idades superiores aos 50 anos. Esta é uma melhoria significativa quando comparado com o ano anterior, onde apenas 6 atores com 50+ viram o seu trabalho ser reconhecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Este ano os atores com mais de 50 anos nomeados pertencem sobretudo à categoria de Melhor Ator Secundário: Tom Hanks, 63 (“A Beautiful Day in the Neighborhood”); Anthony Hopkins, 82 (“The Two Popes”); Al Pacino, 79, e Joe Pesci, 76 (“The Irishman”) e Brad Pitt, 56 (“Once Upon a Time… in Hollywood”).
Os outros nomeados são: Renée Zellweger, 50, (“Judy”) para Melhor Atriz; Jonathan Price, 72, (“Two Popes”) e Antonio Banderas, 59 (“Pain and Glory”) para Melhor Ator; por último, Laura Dern, 52 (“Marriage Story”) e Kathy Bates, 71 (“Richard Jewell”) para melhor Actriz Secundária.
Sendo certo que apenas 3 dos 10 nomeados são mulheres, este será sem dúvida um passo importante que parece demonstrar o desejo da indústria do cinema em procurar ser mais inclusiva, combatendo mais eficazmente o preconceito associado à idade dos atores principais. Contrariando desta forma a ideia de que a viabilidade dos projetos encabeçados por gerações mais envelhecidas é um grande risco para os Estúdios.
Este é um raro rasgo de esperança para todos os atores mais velhos que veem finalmente um maior reconhecimento tanto por parte do público como por parte dos decisores da Indústria. Agora é esperar por dia 10 de Fevereiro para descobrir quantos galardões irão levar para casa alguns destes protagonistas.