Produtos bancários. Devemos ainda colocar dinheiro no banco?

Esta semana, Ariana Nunes (educadora financeira e criadora do canal YouTube “Renda Maior) explica aos leitores da Forever Young as vantagens e desvantagens associadas aos produtos bancários portugueses.

Recentemente, surgiu-me em conversa a questão se se deve deixar, ou não, o dinheiro aplicado em produtos bancários. Se por um lado, aqueles que procuram o capital garantido diziam que sim, os que tinham o objetivo de fazer o dinheiro render, contando com os riscos inerentes, diziam que não. Assim, neste artigo pretendo deixar as minhas considerações sobre o assunto, dando como exemplo o que faço com o meu dinheiro, mas claro, tendo sempre em consideração as características diferentes de cada pessoa que, no final, podem impactar a sua decisão e opinião sobre os produtos bancários em Portugal.

 

  1. Vivências e experiências pessoais.

Desde logo, devemos começar por distinguir os produtos que os vários bancos disponibilizam em Portugal, entre eles os de capital garantido e os de risco (onde o nosso capital investido fica em causa). Tal como eu, pode encontrar alguns produtos bancários que sirvam o seu propósito/objetivo e outros, fora do banco, que visam outras rentabilidades e, em alguns casos, menos custos associados.

Será também necessário perceber qual é a sua opinião sobre as instituições financeiras em Portugal. Por exemplo, um cliente insatisfeito com as comissões bancárias pode ter uma opinião diferente de outro que não paga por qualquer manutenção de conta. Ou, alguém que foi cliente do Banco Espírito Santo (BES) ou BNP e teve problemas com estes bancos, poderá também ter uma opinião diferente de uma pessoa que foi cliente destes mesmos bancos mas que não teve nenhum constrangimento financeiro direto.

Podemos até indicar que um ou outro produto financeiro pode ser bom, mas não em todos os bancos ou, ainda, que os bancos são úteis para ter a  nossa conta à ordem para o dia-a-dia, pois há necessidade de receber o salário por lá, pagar os nossos débitos diretos e os nossos pagamentos por referências multibanco.

 

  1. Má reputação e serviços elitistas?

Na gênese do seu negócio vemos os bancos com a função de colmatar a necessidade de guardar e emprestar dinheiro, facilitando assim a troca de moedas e o comércio mundial. Nos dias hoje, a sua reputação está fortemente abalada devido a fraudes, ruturas, escândalos e ainda, com a conotação de “gananciosos”. A verdade é que, em Portugal, uma boa parte das pessoas que fizer um comentário sobre a sua conta bancária irá, provavelmente, afirmar que já houve uma taxa “abusiva” ou escusada que lhe foi cobrada. Como exemplo, no meu caso, posso referir uma anuidade de um cartão multibanco, que nunca me foi devolvida após o cancelamento do cartão, nesse mesmo mês de cobrança. E lá se foram 18 euros…

Num outro prisma, temos a ideia de serviços elitistas, onde vemos empréstimos facilitados a pessoas de negócios influentes e que até, por vezes, entram em incumprimento. E claro, não deixando de mencionar os investimentos que ficam apenas acessíveis aos “endinheirados”, passando diretamente a mensagem à maioria da população que: “investir é só para os ricos”. Assim, a banca parece necessitar de uma reforma no acesso aos seus produtos mas, prioritariamente, no seu conceito de marketing.

 

 

  1. Quais os produtos bancários que tenho na minha carteira.

Apesar da banca necessitar de uma mudança e de uma nova abordagem, continuo a ser adepta de certos produtos que me deixam confortável, comparando com outras opções, tais como corretoras, empresas de investimento e fintechs.

Entre esses produtos bancários, posso indicar alguns que tenho, atualmente, na minha carteira de investimentos. Começando pelos depósitos a prazo de boas-vindas de bancos de investimento, uma subscrição num Fundo PPR (facultado por uma entidade bancária), uma conta à ordem remunerada (na qual o meu capital está protegido pelo fundo de garantia de depósitos até 100 mil euros) e, ainda, um fundo de investimento imobiliário que recentemente subscrevi, porque vi a vantagem de estar exposta a este tipo de investimento (após fazer as devidas contas com os custos a serem cobrados na sua gestão).

Por fim, ainda tenho a minha conta bancária à ordem, que faço questão de manter pois não tem qualquer tipo de custo associado, seja na manutenção ou no cartão multibanco. Conta essa que me permite assim, gratuitamente, gerir as minhas despesas básicas e, ainda, distribuir o meu dinheiro pelos vários investimentos que vou fazendo.

 

Se os bancos têm bons produtos? Depende do que procura e do que espera obter com esses produtos. O ideal é comparar e escolher a melhor opção possível no mercado, sendo importante saber que existem sempre outras opções a considerar, isto de forma a não deixar que os bancos tenham o monopólio de todos os produtos financeiros. Tal como dizia, Thomas Jefferson (ex-presidente americano e filósofo político): “Os bancos são mais perigosos para a nossa liberdade que os exércitos com armas.”.*

 

*Todo o conteúdo neste artigo apenas serve para fins educacionais e não representa qualquer tipo de aconselhamento financeiro. Consulte sempre um especialista certificado ou faça a sua própria análise no que se trata a investir, pois envolve risco de perdas.

 

 

 

 

Por Ariana Nunes
(Educadora financeira e criadora do Canal Renda Maior no YouTube)
Site: www.rendamaior.pt

 

 

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