Tem uma palavra “na ponta da língua”, mas não sai? A ciência explica

Já lhe deve ter acontecido, quando está a falar com alguém, de repente ficar preso a uma palavra que está a pensar mas simplesmente não consegue dizer. Ela “sai” mais tarde ou mais cedo e é um estado mais comum do que possa pensar.

Às vezes, quando nos falha uma palavra, podemos sentir que não temos o vocabulário suficiente para descrever o que queremos dizer, apesar de estarmos a ver a palavra ali mesmo à nossa frente. Então o que está a acontecer quando as palavras nos falham? Uma coisa parece certa: estes lapsos de memória são comuns em todas as faixas etárias, embora se tornem mais frequentes à medida que envelhecemos.

Essa experiência, que para os cientistas tem o nome de “ponta da língua” (sigla “tot” em inglês), foi estudada pela primeira vez na década de 1960. As primeiras investigações mostraram que as pessoas nesse estado eram capazes de aceder a informações sobre letras, sons e significados relacionados à palavra que procuravam, apesar de não a conseguirem exprimir.

Esta foi a conclusão de um estudo sobre os aumentos destas experiências devido ao aumento da idade.

Os autores, Timothy Salthouse e Arielle Mandell, descobriram que «mesmo que o aumento da idade esteja associado a níveis mais baixos de memória episódica», as experiências “tot” são resultado da produção da fala, que surge de dois processamentos cerebrais que «parecem ser amplamente independentes um do outro».

Por outras palavras, o que se pode assemelhar ao esquecimento de uma palavra não precisa de ser visto como um problema geral de memória, pois a palavra pode lá estar, semanticamente falando. Isto porque no momento de falar algo no processamento fonético impediu que ela fosse totalmente recuperada.

O que impediria a recuperação de uma palavra? Uma palavra pode ser pensada como uma coleção de características: ela tem um significado e imagem associada. A palavra tem ainda uma forma, que inclui a sua pronúncia, uma representação escrita e um padrão de sílaba e tensão. Além de deixar traços nas ligações neurais da frequência com que foi utilizada.

Logo, a recuperação de uma palavra pode ser interrompida pela ativação de apenas um ou alguns desses recursos. O stress, a fadiga e a distração podem ser algumas das razões para essa recuperação insuficiente das palavras. Problemas mais sérios, como a doença de Alzheimer, que danificam ou retardam as conexões neurais necessárias, também podem causar problemas na recuperação de palavras.

A incapacidade de encontrar palavras pode indicar lesão cerebral ou infeção, derrames e doenças degenerativas. No entanto, nesses casos, o esquecimento de palavras será apenas um dos muitos outros sintomas. Ocasionalmente, o esquecimento de uma palavra pode ser algo normal da vida.

Os estados “ponta da língua” são uma experiência comum em qualquer idioma. Nomeadamente, a linguagem gestual também pode ser alvo do esquecimento de um gesto. Isso pode ser algo frustrante, mas que na maioria das vezes se resolve espontaneamente.

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