Teste comparativo alerta para excesso de gordura e carne com pouca qualidade nos hambúrgueres congelados: poupe até 6 euros com a escolha acertada

A carne utilizada nas amostras em exame acusa elevados teores de gordura e não prima pela qualidade, aspeto visível quando se compara o colagénio, uma proteína com pouco valor alimentar que abunda nos tecidos menos nobres, com a totalidade da proteína de origem animal, refere a DECO PROTeste

«Estes parâmetros apresentam uma pior avaliação nos hambúrgueres com mais de 90% de carne. Nestes, o teor médio de gordura, por exemplo, foi de 17%, ao passo que nos restantes, com menos quantidade de carne, foi de 12 por cento», alerta a DECO PROTeste.

PREÇO E RESULTADOS DO TESTE A 16 MARCAS DE HAMBÚRGUERES CONGELADOS

«A investigação destaca os resultados positivos na microbiologia e a rara incorporação de sulfitos. O estudo mostra também que os que têm menos carne são ligeiramente mais baratos», avança a DECO PROTeste

CARNE COM POUCA QUALIDADE

«O estudo começou por confrontar o peso líquido indicado nas embalagens com o determinado em laboratório. Apenas duas marcas apresentaram uma quantidade líquida inferior à verificada em laboratório, mas dentro das margens toleradas», avança a DECO PROTeste.

«A humidade desempenha um papel importante na textura da carne. Foi avaliada em conjunto com as proteínas, gordura e colagénio, tendo sido detetados teores de água consideráveis, sobretudo nos hambúrgueres com menor quantidade de carne, segmento onde as apreciações foram piores», é referido, sendo que «um dos aspetos fundamentais para aferir a qualidade da carne prende-se com o colagénio, uma proteína fibrosa, difícil de digerir e com pouco valor alimentar, muito presente nos tecidos de menor valor comercial (tendões, cartilagens, entre outros). Em muitos casos, os hambúrgueres são vistos como a fórmula ideal para escoar carnes de menor qualidade. O estudo relacionou o colagénio com a proteína da carne e verificou que, com frequência, a carne tem pouca qualidade».

«A gordura é outro dos parâmetros com resultados mais negativos. Em média, os produtos apresentam um teor de 15%, oscilando entre 9% (Pingo Doce) e 23% (Continente). Valores muito elevados, sobretudo nos hambúrgueres com maior quantidade de carne. Quando escolhemos a carne e a mandamos picar e preparar, conseguimos obter valores de 3 por cento», sublinha a DECO PROTeste, «considerando que a gordura é o composto com mais calorias associadas (9 kcal por cada grama), é natural que o valor energético mais baixo e o mais alto se refiram aos hambúrgueres mais magro e mais gordo: 165 kcal (Pingo Doce) e 270 kcal (Continente). Em média, estes alimentos possuem um valor energético de 210 kcal, uma quantidade superior à fornecida por um bife de vaca (120 kcal) e semelhante à da salsicha fresca».

Sal, sulfitos e microbiologia à prova

A investigação incidiu ainda sobre a quantidade de sal. Com a exceção de uma marca, que apresenta valores mais elevados, os restantes têm quantidades aceitáveis. Nos que são feitos com 100% de carne de vaca, este ingrediente não é adicionado.

Juntou-se a análise aos sulfitos. Apesar de proibidos na carne picada, podem ser usados em alguns preparados de carne. Trata-se de aditivos desnecessários, que podem ser enganadores e ter reações adversas associadas. Quase inexistentes nos produtos testados. Outro parâmetro fundamental está relacionado com as análises microbiológicas. Todas as amostras obtiveram uma avaliação positiva, algumas com nota máxima.

POR UM CONTROLO MAIS APERTADO

Estes resultados não diferem muito do cenário no passado. Há quase duas décadas, a análise da DECO PROteste mostrou que a carne usada nos hambúrgueres congelados tinha pouca qualidade, excesso de gordura e aditivos, e alguns problemas na qualidade microbiológica.

Nas últimas décadas, os requisitos em segurança alimentar tornaram-se mais rigorosos, e os meios técnicos melhoraram, mas a investigação da DECO PROteste demonstra que existe falta de suporte legal para que o consumidor faça escolhas esclarecidas e tenha acesso a produtos com mais qualidade. Por exemplo, existem hambúrgueres 100% carne de vaca que usam a mesma denominação de venda de outros que contêm metade da carne, vendidos lado a lado, com preços semelhantes.

Neste sentido, não será difícil de entender a importância de uma legislação específica eficaz, para que estes produtos possam ser controlados. Atualmente, alguns requisitos de composição para a carne picada estão patentes no regulamento relativo à prestação de informação aos consumidores, aplicáveis desde janeiro de 2014, mas longe ainda de serem favoráveis ao consumidor. Nos preparados de carne picada (a maioria dos produtos testados), o consumidor continua refém da boa vontade dos produtores e vendedores. Estão estabelecidos critérios microbiológicos para estes produtos, mas são muito escassos.

OITO CUIDADOS NA COMPRA E CONFEÇÃO

A temperatura, o tempo de conservação e o ponto de cozedura são aspetos a ter em conta na hora de adquirir, guardar ou consumir este tipo de produtos alimentares.

  1. Última compra. Deixe a escolha dos hambúrgueres para o final, diminuindo assim o tempo que estão fora do frio.
  2. Verifique a temperatura. Antes de pôr os hambúrgueres no carrinho, verifique a temperatura no expositor do produto: não deve ser superior a -18ºC. Se assim não for, recomendamos, por uma questão de segurança, que não adquira estes produtos.
  3. Saco isotérmico. Utilize um saco isotérmico no transporte, para minimizar as perdas de frio. Esta recomendação aplica-se a outros produtos congelados ou refrigerados.
  4. Congelador já. Assim que chegar, arrume de imediato os hambúrgueres no congelador.
  5. Etiqueta na cozinha. Não permita que a carne crua entre em contacto com outros alimentos; elimine cuidadosamente o exsudado (suco da carne) e lave adequadamente os utensílios, as superfícies e as mãos.
  6. Prazo de validade. Regra geral, o prazo atribuído pelos produtores varia entre alguns meses e dois anos. Não mantenha este tipo de produto armazenado mais de um ano.
  7. Grelhar ou fritar. Pode grelhar ou fritar sem o descongelar. Uma vez descongelado, não volte a pô-lo no congelador. Não guarde no frigorífico hambúrgueres que confecionou há mais de dois dias.
  8. Cozedura perfeita. Os hambúrgueres só devem ser consumidos após cozedura completa (o centro térmico deve atingir uma temperatura superior a 70 graus centígrados).

A DECO PROteste analisou 16 amostras de hambúrgueres, dividindo-as em duas categorias: as que têm uma percentagem de carne superior a 90% e as que apresentam uma quantidade igual ou inferior a 65 por cento.

Melhor do Teste Melhor do Teste Escolha Acertada Escolha Acertada

Avaliações da DECO PROTeste
Associada a esta divisão está a distinção entre carne picada e preparados de carne picada, dois termos muitas vezes confundidos. A expressão “carne picada” refere-se a um produto que foi desossado e picado e que contém menos de 1% de sal. Não significa que não possua quantidades significativas de gordura ou proteínas de menor qualidade. Já os preparados de carne picada incluem, além do ingrediente principal, outros como, por exemplo, pão ralado e produtos ricos em amido, proteínas vegetais e água.

QUANTIDADE DE CARNE > 90%
Os hambúrgueres testados custam entre pouco mais de 6 euros e cerca de 13 euros por quilograma. Os que têm mais carne são um pouco mais caros. Ainda assim, há opções acessíveis, como as Escolhas Acertadas, com preço médio de 9 euros. Pode poupar até 4 euros por quilo.

Açores (Lidl) 100%
A embalagem de 1 kg custa 8,98 euros.
A embalagem de 1 kg custa 8,98 euros.
Melhor do Teste e Escolha Acertada com 76% de Qualidade Global. Constituído apenas por carne de vaca, este hambúrguer obteve cotação máxima em todas as análises, com exceção do colagénio e da gordura, em que, ainda assim, apresentou resultados aceitáveis. Trata-se de um dos produtos mais baratos nesta categoria. Na análise sensorial apresentou uma boa classificação.

Auchan 100%
Uma embalagem custa 8,99 euros.
Uma embalagem custa 8,99 euros.
Escolha Acertada com 74% de Qualidade Global. Com resultados positivos em todos os parâmetros analisados, exceto na gordura, que chega aos 18%, este produto foi feito apenas de carne de vaca. Comparado com as restantes amostras analisadas, tem um dos preços mais em conta.

Continente 98%
Cada embalagem de 1 kg custa 8,99 euros.
Cada embalagem de 1 kg custa 8,99 euros.
Escolha Acertada com 73% de Qualidade Global. Além de carne (98%), este hambúrguer inclui na composição sal e condimentos. É um dos produtos que mais agradaram aos consumidores. À exceção da gordura (apresenta um teor de 23%), teve uma avaliação positiva em todos os parâmetros.

QUANTIDADE DE CARNE ≤ 65%
Nos hambúrgueres com um teor de carne igual ou inferior a 65%, as Escolhas Acertadas rondam os seis euros por quilo. Face aos mais caros, como é o caso da Iglo, que custa o dobro, a poupança chega aos 6 euros por quilograma.

Pingo Doce 60%
A embalagem de 1 kg custa 6,19 euros.
A embalagem de 1 kg custa 6,19 euros.
Melhor do Teste e Escolha Acertada com 75% de Qualidade Global. Composto por 60% de carne de bovino, este produto inclui também proteínas e fibras vegetais, entre outros ingredientes. Trata-se do hambúrguer com menos gordura (9 por cento). Com resultados positivos em todos os itens, foi bem apreciado na prova, exceto na humidade. O preço é atrativo.

Polegar (Auchan) 60%
O preço da embalagem de 1 kg custa 5,99 a 6,19 euros.
O preço da embalagem de 1 kg custa 5,99 a 6,19 euros.
Escolha Acertada com 70% de Qualidade Global. Além de carne (60%), contém proteína de soja e pão ralado, entre outros ingredientes. À exceção da humidade e do colagénio, revelou resultados positivos nos restantes parâmetros analisados. É um dos produtos com menos gordura (11%), o mais barato e um dos mais bem classificados.

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