Se imaginarmos o provável cenário de termos uma vacina contra a Covid-19 disponível nos próximos 6 meses a um ano, o que irá isso realmente significar? Mesmo que toda a população tenha acesso a esta “cura” preventiva e a doença deixe de representar um risco elevado, será que vamos voltar ao normal?
Segundo a Kaiser Health News, a vida tal como a conhecíamos não voltará a ser a mesma – especialmente para quem tem mais de 60 anos.
A conclusão de muitos especialistas é que a experiência global de pandemia irá alterar de forma permanente diversos aspetos da nossa vida individual e da nossa existência enquanto sociedade. Médicos geriatras, futuristas e especialistas de envelhecimento acreditam que a forma como a população mais envelhecida terá acesso a cuidados médicos, a serviços de lazer, turismo e comércio não será jamais igual.
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“Antes da Covid-19 a geração dos Baby Boomers sentia-se confiante no facto de os benefícios da medicina moderna conseguirem assegurar uma vida mais longa” afirma à KHN o Dr. Mehrdad Ayati da Stanford University School of Medicine. “O que não tínhamos calculado é que uma pandemia global poderia alterar tudo isso”, conclui.
O facto de terem um sistema imunitário mais deteriorado significa que as pessoas com mais de 60 anos irão continuar a ter cuidados e precauções especiais, mesmo quando já exista uma vacina. Eis 10 exemplos simples que demonstram como pode ser esta realidade no futuro pós-pandemia.
- Telemedicina
De acordo com os dados do Pew Research Center, nos EUA, apenas 62% das pessoas com mais de 75 anos usam a internet. Este número irá continuar a crescer nos próximos anos, sobretudo com o apogeu da telemedicina. Antes da pandemia quase ninguém tinha consultas feitas à distância através da videochamada. Neste momento muitos médicos já esperam que um terço de todas as suas consultas venham a ser virtuais, mesmo depois de existir uma vacina. Será uma prática normal.
- Mais médicos
Mais consultas feitas de forma remota irá significar que será necessária uma equipa mais vasta de médicos para dar resposta às necessidades. Estas consultas passarão a ser feitas por um grupo mais diverso de médicos, com diferentes especialidades. O facto de deixar de ser necessário ir sempre até um hospital ou clínica para ter uma consulta vai aumentar a produtividade dos médicos especialistas.
- Dispositivos e equipamentos inteligentes
Num futuro não muito distantes as populações terão habitualmente ao seu dispor um conjunto de equipamentos instalados na sua casa e na sua roupa que irá permitir acompanhar os seus sinais vitais de uma forma mais regular. As sanitas por exemplo deverão passar a ser capazes de analisar as amostras de urina e dejetos para evitar idas ao consultório.
- Turismo regional irá substituir as viagens mais longas
Dadas as suas vulnerabilidades a população mais envelhecida estará ainda menos “inclinada” para fazer grandes viagens de lazer ao estrangeiro. O local e regional irá ganhar força em detrimento dos destinos mais longínquos e exóticos. A segurança e o conforto serão os valores fundamentais para esta geração.
- Os hotéis irão fortalecer a sua oferta médica
Isto será algo que passará a fazer parte da oferta e dos serviços das principais cadeias hoteleiras. O acesso a este tipo de cuidados médicos será algo comunicado de uma forma bem mais visível, assim como a própria presença de um profissional clínico nas instalações.
- Os restaurantes locais vão ganhar força
Os restaurantes mais pequenos de bairro irão ganhar a confiança dos consumidores mais envelhecidos que irão privilegiar estes espaços às grandes superfícies comerciais. O fator confiança será determinante, como tal estes negócios vão procurar garantir e comunicar as melhores práticas de segurança possíveis.
- Entregas e trabalho em casa
A pandemia permitiu testar a forma como atualmente quase tudo pode ser entregue no conforto do lar dos consumidores. Isto será uma tendência que apenas se irá acentuar ainda mais nos próximos anos. Em termos profissionais isto também será sentido. Os trabalhadores com mais de 60 anos vão continuar a privilegiar o trabalho remoto como forma de garantir a sua segurança.
- Os sintomas de depressão podem aumentar
O distanciamento social tem um custo económico e emocional. O facto de muitas pessoas mais idosas passarem a estar mais tempo sozinhas em casa vai acelerar o seu isolamento. Numa altura em que os encontros e convívios não são aconselhados isto poderá contribuir para o degradar da saúde mental de alguns indivíduos.
- As casas-de-banho públicas vão sofrer alterações
As casas-de-banho públicas contacless serão uma forte tendência nos próximos tempos. A ideia será que não seja necessário tocar em nenhum equipamento com as mãos para que eles funcionem, evitando assim possíveis situações de contágio e propagação de germes.
- Viver com a família
A situação dos lares revelou-se dramática nestes últimos meses. Estes acontecimentos vão alterar a forma como percecionamos estes locais de acolhimento. Muitas famílias vão privilegiar em alternativa o acolhimento do seu familiar – sempre que possível – nas suas próprias casas.
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