A Escola Superior de Saúde, do Instituto Politécnico da Guarda, está à procura de uma empresa de dispositivos médicos interessada na produção para o mercado internacional do “penso inteligente” criado pelos seus estudantes e investigadores.
O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) explicou que o penso, com o nome académico “colorwound”, trata e monitoriza feridas, assumindo cores diferentes quando estas estão infetadas ou já iniciaram a cicatrização, dando indicações preciosas para profissionais de saúde.
Foi concebido por alunos e investigadores da Escola Superior de Saúde e premiado no concurso Poliempreende 2021.
“A patente internacional foi aprovada, falta agora um investidor para a fase de certificação para ser aprovado pelo Infarmed, em Portugal, e pela Agência Europeia do Medicamento”, assinalou o IPG.
A investigadora de Ciências Biomédicas e Bioanalíticas do IPG e uma das responsáveis pelo projeto, Sónia Miguel, considerou que o penso criado na Guarda tem enorme interesse para os profissionais de saúde e muito potencial de mercado.
“Quando este penso inteligente foi um dos vencedores do concurso Poliempreende recebemos manifestações de interesse por parte da indústria. Agora que patenteámos a ideia e os métodos, queremos associar-nos a um desses parceiros para colocar o penso no mercado e torná-lo acessível, desde logo, aos profissionais que trabalham em meio hospitalar”, sustentou a docente.
O “colorwound” terá de ser testado ‘in vitro’, em animais e, por último, em seres humanos, cumprindo todos os passos necessários à sua certificação.
“Este é um processo exigente que faz sentido ser cumprido com um parceiro industrial que tenha interesse em produzir e comercializar o penso em larga escala”, apontou Sónia Miguel.
A responsável garantiu que se trata de “uma ideia muito inovadora e eficaz que responde com precisão à dificuldade de saber o momento certo para substituir os pensos dos pacientes” e que contribui “para a redução de custos e desperdícios associados aos cuidados primários de tratamento de feridas”.
O IPG explicou que o penso está equipado com um biomarcador que permite detetar as variações de pH no leito da ferida através da mudança de cor.
Originalmente é de cor vermelha, mas muda para cor rosa “quando fica infetado (pH maior que 7), isto é, quando deteta a presença de exsudado e ou microrganismos, característicos do processo inflamatório causado por infeções”.
Nestas situações funciona como um alerta aos profissionais de saúde para a necessidade de o substituir.
E nos casos em que o penso já está a tratar a ferida, a cor vermelha transforma-se gradualmente em amarela, revelando a cicatrização.
A investigadora considerou ainda que este é o “exemplo de como se pode transformar a investigação académica em inovação, concebendo produtos ou serviços com valor prático para a sociedade”.
A ideia teve início em 2021 quando o penso “colorwound” venceu a edição regional do Poliempreende e depois conquistou o terceiro lugar da fase nacional do concurso.
A equipa da Escola Superior de Saúde era composta pelas docentes Sónia Miguel e Carla Castro, as alunas Ana Filipa Nunes e Catarina Dias, do curso de Biotecnologia Medicinal, e o aluno Guilherme Alves, do curso de Engenharia Informática.
LUSA