A morte de um amigo pode ser tão traumática como a de um familiar?

São lutos diferentes para os empregadores, médicos ou outros.

A “hierarquia do luto” é uma escala que determina quem é considerado um pesaroso mais legítimo, que tem os membros da família mais próxima no topo. Por essa razão, a morte de um amigo próximo é muitas vezes desprivilegiada e não foi alvo de muitas investigações.

No entanto, um estudo recente concluiu que para quem perdeu um amigo isso pode significar um impacto na sua saúde e bem-estar nos quatro anos seguintes a essa perda. Essa descoberta sugere que precisamos levar a morte de um amigo próximo mais a sério e mudar a forma como apoiamos as pessoas que estão a sofrer com esse luto.

Em muitos casos, os amigos são uma família psicológica, ou seja, as pessoas podem ter um vínculo mais forte com os seus amigos próximos do que com as pessoas que se relaciona por nascimento ou casamento. Logo, quando esse amigo morre, o stress psicológico e emocional pode ser tão devastador quanto a morte de familiares.

A análise mostra ainda que se uma pessoa não é socialmente ativa, a morte de um amigo pode piorar o impacto do luto. À medida que o seu círculo social diminui, a pessoa torna-se menos resiliente ao luto porque perde uma fonte importante de apoio emocional da sua rede social.

Ou autores do estudo consideram que a ideia de que os sentimentos de tristeza e perda reduzem consideravelmente após um ano também precisa de ser desafiada. Uma vez que, apesar das melhorias na saúde e no quotidiano, os efeitos a longo prazo na saúde mental e no bem-estar não podem ser ignorados. Isso é especialmente preocupante quando esse sofrimento ainda é desvalorizado e pouco reconhecido na sociedade.

Com estas descobertas, os profissionais de saúde mental e os empregadores podem agora reconhecer o efeito significativo que a morte de um amigo pode ter sobre uma pessoa e oferecer serviços e apoio adequados. A ajuda psicológica que as pessoas enlutadas recebem não é a mesma em todos os aspetos e isso precisa de mudar com a aceitação da ideia de que os amigos íntimos podem ser considerados familiares.

Esta investigação analisou as respostas de mais de 26.000 pessoas. Das pessoas que completaram a pesquisa, mais de 9.500 tiveram a morte de um amigo próximo. A análise mostrou que a satisfação com a vida do enlutado caiu acentuadamente em comparação com um grupo não enlutado. Demonstrou, ainda, uma queda grande na satisfação com a vida do terceiro para o nono mês e outra queda, menor mas ainda considerável, do 19º ao 21º mês.

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