O número nacional de casos de cancro da tiroide confirma um aumento, nas últimas décadas, que tem sido “contínuo, rápido e estatisticamente significativo em mulheres e homens”, refere Maria João Oliveira, endocrinologista e porta-voz da Associação das Doenças da Tiroide (ADTI).
A especialista dá conta que este tumor, quando diagnosticado atempadamente, tem “um prognóstico excelente, com uma mortalidade muito baixa”. Razões de sobra para, no Dia de Sensibilização para o Cancro da Tiroide, se alertar para esta doença, que afeta quatro vezes mais as mulheres e, mais do que isso, se reforçar uma mensagem dirigida aos sobreviventes e aos seus cuidadores, com informação sobre nutrição, apoio psicológico ou hábitos de vida saudáveis, temas em destaque, no próximo dia 24, a partir das 9h30, no auditório do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).
Trata-se, explica Celeste Campinho, presidente da ADTI, de um evento de cariz informativo que irá ter como foco o doente: ‘Como posso eu, enquanto doente, ser parte ativa no decurso da doença’. “Sabemos todos nós, no desenvolvimento da nossa atividade diária, o quanto a participação do doente, da sua família e do seu cuidador é fundamental para a sua qualidade de vida, no percurso da doença”, confirma.
“O conhecimento é poder e saber fazer melhor. Por isso, o acesso à informação sobre a patologia, o apoio à sua gestão nutricional, o quanto o exercício físico adequado pode promover um melhor bem-estar e uma melhor adesão à terapêutica, o impacto psicológico não só para o doente, mas também para os familiares e cuidadores, são temas a tratar nesta ação”, explica, que irá finalizar com uma atividade física de bem estar.
Em relação ao cancro da tiroide, “não se sabe bem porque é que aparece”, confirma Maria João Oliveira. “Sabe-se, no entanto, que as pessoas com mais de 40 anos, com familiares com cancro da tiroide ou que foram submetidas a radiações, sobretudo radioterapia da cabeça ou do pescoço, têm maior probabilidade de desenvolver este tipo de cancro” que, segundo a especialista, é ainda “mais frequente no sexo feminino, possivelmente por influências hormonais ainda não esclarecidas”.
Não existe, acrescenta, “uma forma específica de prevenção, exceto aquela que evita a captação da radiação ionizante pela tirode (por exemplo, quando se realiza um RX da cabeça usa-se uma proteção de chumbo para tiroide)”. Assim como, na maior parte dos casos, “o cancro da tiroide pode ser completamente assintomático. Contudo, o aparecimento de uma tumefacção (inchaço) na parte anterior ou lateral do pescoço, de crescimento rápido, dura e pouco móvel, pode ser o primeiro sinal de cancro, mais ainda se se fizer acompanhar de rouquidão ou dificuldade em engolir”.
E não se deve também, reforça a médica, realizar a ecografia da tiroide como ‘exame de rotina’ sem que haja suspeita de doença da tiroide. “Corre-se o risco de diagnosticar pequenos nódulos ou quistos, sem significado patológico, que além de causarem alarme desnecessário levam geralmente à realização de exames desnecessários. Deve ser o médico a decidir quando requisitar uma ecografia da tiroide.”
Presentes para esclarecer todas as dúvidas no evento de dia 24 vão estar Maria João Oliveira, endocrinologista do Centro Hospitalar Vila Nova Gaia/Espinho, Paula Soares, investigadora do IPATIMUP e professora na Faculdade Medicina da Universidade do Porto, um médico em representação Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo.
O evento é de entrada gratuita, mas sujeito a inscrição, que deve ser feita através de email para geral@adti.pt.