“Este ano temos assistido, e ainda estamos a assistir, a uma tendência de reservas de última hora tanto na restauração como no alojamento”, apontou a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, em resposta à Lusa.
Segundo a associação, no que diz respeito às reservas em restaurantes para a passagem do ano, no início de dezembro, a maioria dos empresários não conseguia ter uma “real perceção sobre se as vendas e o nível de faturação serão superiores a 2022 ou mesmo face ao período pré-pandemia”.
Apesar de ressalvar que as perspetivas dos empresários da restauração para o Natal ainda não são conclusivas, Ana Jacinto disse que se verifica um aumento nos convívios entre as famílias e amigos, sobretudo em restaurantes que estão inseridos em unidades hoteleiras.
A AHRESP referiu ainda que existem “grandes disparidades” nas várias regiões do país.
No caso das microempresas, “localizadas em regiões de menor procura e mais dependentes do mercado nacional”, as perspetivas são “menos animadoras” face à procura, devido à perda do poder de compra das famílias e tendo em conta que as despesas com restauração são as primeiras a serem cortadas.
Já os grandes centros urbanos conseguem atrair mais pessoas, perante a oferta cultural disponível e o investimento “das entidades públicas em eventos e programas de fim de ano”, o que não acontece em vários municípios de pequena dimensão.
A associação notou ainda que o setor continua a deparar-se com problemas de recrutamento, embora ressalve que a principal preocupação dos empresários passa por manter os colaboradores por períodos mais longo, de modo a oferecerem “maior estabilidade e qualidade de serviço”.
Apesar do “período conturbado e de alguma perda de compra do poder de compra”, a AHRESP acredita que a reta final de 2023 pode “revelar-se importante para o reforço das tesourarias” das empresas.
“Até ao final do ano, enquanto o setor do alojamento turístico tende a beneficiar de uma procura mais diversificada, particularmente pelo mercado internacional, o setor da restauração estará muito mais dependente do mercado interno. E no que diz respeito à procura internacional, é de destacar o crescimento do mercado norte-americano, além dos já tradicionalmente relevantes, como o britânico, o alemão, o espanhol e o francês, e ainda do brasileiro e do canadiano”, assinalou.
Em 11 de dezembro, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) afirmou à Lusa que a diversificação, quer de mercados quer de oferta, continua a animar o Natal e final do ano na hotelaria.
Questionado pela Lusa sobre as previsões para este fecho de ano, Bernardo Trindade também lembrou que nos últimos anos surgiu “uma dinâmica muito interessante”, e que constitui “uma alteração de paradigma”, que é o facto de muitas pessoas passarem a consoada em unidades hoteleiras.
“A maioria dos portugueses, em concreto, celebra as festividades em casa, em casa de família, mas nós inaugurámos uma nova prática que é a circunstância de que podemos fazê-lo em unidades hoteleiras e isso tem vindo a crescer um pouco por todo o país”, afirmou à Lusa.