O tratamento com Lu177-PSMA é uma inovação para doentes com cancro da próstata. Trata-se da utilização de uma molécula que se une ao PSMA – uma proteína encontrada nas células dos tumores desta glândula -, conjugada com o isótopo Lutécio-177, que irá destruir as células malignas.
Esta nova terapêutica, recentemente aprovada pela Agência Europeia dos Medicamentos, está indicada para pacientes com cancro da próstata metastizado e com progressão da doença oncológica, apesar da terapia hormonal e/ou de quimioterapia.
“Este tratamento configura avanços clínicos recentes e muito promissores em Medicina Molecular: o conceito de theranostics e de medicina de precisão”, diz José Manuel Oliveira, médico especialista em Medicina Molecular e diretor da equipa a cargo desta terapêutica. Theranostics, ou teranóstica, é a junção entre diagnóstico e tratamento.
A primeira aplicação deste tratamento em Portugal decorreu esta quinta-feira numa das três unidades de Medicina Molecular da Atrys – uma multinacional do ramo da saúde com forte presença no nosso País, que se dedica principalmente ao diagnóstico e tratamento oncológico -, tendo sido “um sucesso”, ainda de acordo com o médico responsável pelo procedimento.
Nesta nova terapêutica, mediante a administração do radiofármaco, a molécula é captada em tecido tumoral, provocando irradiação e consequente destruição das células malignas.
Esta irradiação seletiva caracteriza-se pela preservação dos tecidos que não estão afetados pela doença.
Os estudos publicados, nomeadamente o ensaio clínico que serviu de base à aprovação deste medicamento pelas agências reguladoras, mostram que este tratamento leva a uma melhoria significativa na sobrevida global, comparativamente aos tratamentos convencionais.
Todos os anos, em Portugal, são diagnosticados cerca de seis mil novos casos de cancro da próstata; tal significa que se trata de quase 1/4 de todos os tumores que afetam o homem.