A decisão de voltar a estudar pode ser tomada em qualquer altura da vida, mas é talvez depois dos 50 anos que existe maior disponibilidade para considerar seriamente o regresso às salas de aula. Na última década as universidades séniores ganharam grande expressão em Portugal, depois de um longo caminho trilhado desde a criação da primeira instituição deste tipo, em Lisboa, nos anos 70.
Apesar de várias movimentações em torno da ideia de fazer crescer o conceito de universidade sénior a nível nacional, foi preciso chegarmos a 2005 para ser criada a Rede de Universidades da Terceira Idade (RUTIS), uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que conta atualmente com mais de 300 universidades seniores com 45 mil alunos e cinco mil professores sob a sua tutela. Embora muito diversificadas, estas universidades estão cada vez mais próximas umas das outras, tendo em comum a promoção de um envelhecimento ativo num ambiente dinâmico e estimulante.
O que são e a quem se destinam?
As universidades seniores são instituições sem fins lucrativos que têm por objetivo proporcionar aos mais velhos uma aprendizagem em ambiente informal, combatendo o isolamento e a exclusão social. Estas universidades promovem também a intergeracionalidade, através de um conjunto de iniciativas diversas que juntam pessoas de diferentes faixas etárias.
Para ingressar numa universidade sénior, o aluno deve ter, preferencialmente, mais de 50 anos. Por ser possível uma grande variedade de partilha de conhecimentos, existem casos de alunos que são simultaneamente professores na universidade onde estão inscritos ou noutra.
Os professores das universidades seniores são, na sua generalidade, voluntários e não têm limitações em termos de idade, bastando apenas que tenham mais de 18 anos. Do mesmo modo, os professores voluntários não têm obrigatoriamente de ter um grau académico relacionado com a disciplina que lecionam, embora seja isso o que acontece em grande parte dos casos.
No que diz respeito a horários, as universidades seniores funcionam durante o dia, embora haja algumas com aulas e atividades em horário pós-laboral. Seguem o calendário escolar vigente em Portugal, com início em setembro ou outubro e encerramento em junho ou julho; estão previstas as pausas de Natal, Carnaval e Páscoa.
São autónomas na fixação de valores de mensalidade ou propina com um valor médio de 12 euros, segundo a RUTIS, na contratação de seguros para professores e alunos e na emissão de cartões de identificação – que proporcionam descontos e outras vantagens aos seus portadores.
As disciplinas e conteúdos programáticos variam também de instituição para instituição. O mesmo se aplica às atividades propostas, pelo que os alunos deverão consultar e, se possível, comparar diversas opções na sua área de residência.
Áreas temáticas e atividades
As universidades seniores da RUTIS devem incidir sobre pelo menos três das seguintes áreas: Ciências Sociais e Humanas, Informática, Artes, Mobilidade e Desporto. A oferta de disciplinas é, por isso, muito ampla e pode incluir línguas estrangeiras, literatura, filosofia, psicologia, teatro, música, pintura, cerâmica, artes decorativas, ginástica, dança ou natação, entre outras.
Entre as diferentes universidades há variações no que diz respeito aos conteúdos programáticos de cada disciplina, mas o objetivo é privilegiar o património cultural português, a mobilidade, o bem-estar dos alunos e o intercâmbio de ideias. A utilização das novas tecnologias é outra base dos conteúdos programáticos das universidades seniores, de forma a contribuir para a inclusão social. Um ponto importante a reter sobre as universidades seniores é o facto de funcionarem num regime não formal, sem fins de certificação académica.
As mais-valias são claras: além do combate ao isolamento e exclusão social, estas universidades têm a componente educativa, permitindo aos seniores a aquisição de conhecimentos e, mais importante do que isso, a manutenção de atividades de índole intelectual e, claro, social.