Durante a maior parte de sua carreira, Jeffrey Epstein era conhecido pelo público como um empresário mega-rico e mega-poderoso. Um homem de negócio elegante e bem-sucedido. Um empreendedor exemplar.
Tudo isso mudou na época das eleições de 2016, quando a sua horrível história de abuso sexual começou a vir à tona. Terminado mais tarde com o seu (suposto) estranho suicídio, já durante uma fase em que estava preso e aguardava julgamento.
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Agora o novo documentário da Netflix – “Jeffrey Epstein: Filthy Rich” – rescreve a vida e a morte controversa de Epstein, de uma forma crua e sincera que procura trazer a público os testemunhos das vítimas e sobreviventes dos abusos sexuais. É difícil assistir às mais de 4 horas que compõe o documentário. As histórias de horror são impressionantes e muitas das revelações são capazes de chocar qualquer um.
Ao conseguir provar a forma como todo um sistema organizado – composto por recrutadores, celebridades e políticos influentes – protegeu a atividade de Epstein, fica claro que toda esta situação não foi causada por um só homem e que uma rede bem mais vasta de personalidades contribuiu para um elaborado esquema de abusos sexuais infantis.
Eis alguns dos factos mais chocantes.
- O esquema de Jeffrey Epstein foi descoberto por acaso
Porventura um dos dados mais chocantes que é apresentado quase logo no início do documentário diz respeito ao facto de este esquema não ter sido descoberto devido a uma investigação policial elaborada. Na verdade, tudo surgiu por mero acidente.
Em 2003, Vicky Ward, uma jornalista da revista Vanity Fair tinha sido encarregue de escrever um perfil ou crónica social sobre a Epstein. O foco seria o seu dinheiro, influência e romantismo. Esta teria apenas o objetivo de caracterizar o luxo e a elegância do magnata.
No entanto, rapidamente Ward deparou-se com alguns relatos de histórias mais estranhas e negativas que envolviam ex-trabalhadores de Epstein. Os relatos de abuso sexual foram revelados à jornalista e a peça alterou por completo o angulo de investigação. No entanto, mal Epstein se apercebeu da situação obrigou o editor-chefe a “cortar” a história e a impedir que os relatos fossem publicados.
- A namorada de Epstein recrutava raparigas menores de idade
Chislane Maxwell, a namorada do magnata, recrutou ao longo dos anos dezenas de raparigas. Com a ajuda de outras estudantes, Maxwell convidava meninas vulneráveis a irem a casa de Epstein fazer algumas massagens normais em troco de dinheiro. Rapidamente estas situações transformavam-se em abusos sexuais. As raparigas eram forçadas a manter o silêncio.
- Num dos seus aniversários Epstein recebeu como prenda uma rapariga de 12 anos
De acordo com uma das vítimas, Epstein gabava-se de um episódio particularmente perturbador. O magnata ria-se com frequência de ter recebido como prenda de aniversário uma rapariga de 12 anos que havia sido “comprada” por um amigo. Depois de ter sido abusada sexualmente, a rapariga – que não sabia sequer falar inglês – foi devolvida ao seu pais de origem (França) sem qualquer explicação.
- Era amigo de alguns outros homens poderosos acusados de abusos sexuais, tais como Harvey Weinstein e Kevin Spacey
Em muitas das suas viagens Epstein contava com a presença de amigos influentes, tais como Bill Clinton ou o ator Chriss Tucker. Viajavam juntos no avião privado do magnata e passavam férias na ilha de Epstein. O documentário chega inclusive a contar a história de um incidente em que numa das viagens com Weinstein, uma rapariga menor de idade foi vista a sair do quarto do ex-produtor de Hollywood em pânico, sem que nada tivesse sido feito.
- Epstein usou o acesso à propriedade do seu amigo Donald Trump para recrutar raparigas
Pelo menos uma das vítimas revela ter sido apresentada a Epstein através do resort Mar-a-Lago, de Donald Trump. Aos 16 anos, Virginia Giuffre trabalhava neste resort, até que um certo dia uma assistente de Epstein reparou que a rapariga estava a ler um livro sobre massagem. Sabendo que ela estaria interessada em tornar-se uma massagista profissional convidou-a para “estagiar” na casa de Epstein.
No entretanto, Donald Trump fez questão de afirmar em público que a sua amizade com Epstein já havia terminado há muito tempo atrás e que não tinha qualquer conhecimento das práticas mais incorreta do magnata.
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