França poderá ter tido o nível mais elevado de depressão pré-pandemia entre os países europeus, de acordo com uma nova análise de um inquérito de saúde realizado em 2019 em todo o continente, avança a Euronews.
«A análise do estudo estatístico dos ministérios da saúde e social de França (DREES) concluiu que a taxa de depressão em França era de cerca de 11% antes da pandemia, a mais elevada de qualquer outro país europeu», é referido, especificando que «o relatório se baseou em dados do Inquérito Europeu de Saúde por Entrevista, realizado de seis em seis anos, e incluiu cerca de 300 mil pessoas em toda a União Europeia, Noruega, Islândia e Sérvia».
Esta foi a primeira vez que o DREES utilizou o inquérito de 2019 para medir a depressão e a prevalência foi estimada com base em oito perguntas do Questionário de Saúde do Paciente, sublinha a Euronews.
A análise mostrou «se uma pessoa tinha ou não sofrido de síndromes depressivos nas últimas duas semanas com base numa série de critérios», disse Lisa Troy, autora do estudo, do departamento de investigação e estudos internacionais da direção, à Euronews Health.
Este estudo surge no momento em que vários outros apontam para uma crise crescente de saúde mental nos anos que se seguiram à pandemia da COVID-19, particularmente entre os jovens em França e noutros países europeus, acrescenta a noticia, «o novo relatório da DREES também se centrou nos jovens entre os 15 e os 24 anos e nos idosos a partir dos 70 anos».
Jocelyne Caboche, diretora de investigação do Laboratório de Neurociências da Universidade de Sorbonne (Neuro-SU), do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), disse à Euronews Health que, embora não tenha uma explicação para o facto de a França ter um nível de depressão “relativamente” mais elevado do que outros países, isto pode dever-se a uma «acumulação de elementos».
«Apesar de estarmos relativamente bem resolvidos em termos de saúde e educação, ainda é necessário fazer um esforço significativo na prestação de cuidados aos idosos», afirmou Caboche, que não esteve envolvida no estudo.
Acrescentou ainda que a depressão poderia melhorar com um melhor investimento em psiquiatria e inovação terapêutica.