Quase duas décadas depois de aparecerem no mercado como a “alternativa menos prejudicial” ao cigarro tradicional, os cigarros eletrónicos e produtos de tabaco aquecido continuam a levantar sérias preocupações na comunidade científica. E os estudos mais recentes deixam um aviso claro: não são tão seguros como se pensava.
Prometiam ser aliados na cessação do tabagismo e pareciam uma escolha “moderna” e “mais limpa” para quem queria deixar de fumar. Mas a realidade está longe disso. Segundo uma publicação recente no European Heart Journal Supplements, estas novas formas de consumo de nicotina também causam danos sérios à saúde.
Os riscos vão de doenças pulmonares e cardiovasculares até ao aumento do risco de cancro — tudo isto associado ao uso contínuo dos dispositivos, mesmo com vapores ou aerossóis que, embora menos intensos que o fumo tradicional, contêm substâncias tóxicas.
Outro alerta dos especialistas é sobre o chamado “consumo duplo” — quando alguém utiliza cigarros convencionais e eletrónicos em simultâneo. Em vez de ser uma fase de transição, este comportamento aumenta ainda mais os riscos para a saúde.
“O uso combinado pode potenciar os efeitos nocivos, em vez de reduzir os danos”, alerta o artigo, reforçando que esta prática está longe de ser uma estratégia eficaz para deixar de fumar.
Os investigadores sublinham que, além de não cumprirem a promessa de ajudar na cessação tabágica, estes produtos podem ter o efeito contrário: atrair não fumadores e levar ex-fumadores a recaírem.
Face aos dados mais recentes, os profissionais de saúde defendem que as políticas públicas devem continuar a focar-se em estratégias comprovadas para deixar de fumar, como o apoio médico, a terapia comportamental e o uso responsável de terapêuticas aprovadas — e não na substituição de um vício por outro.
Fonte: European Heart Journal Supplements. DOI: 10.1093/eurheartjsupp/suaf037