Segundo um novo estudo publicado na revista PLOS Biology, uma fase específica do sono poderá impulsionar o pensamento criativo e revelar soluções ocultas, mesmo sem esforço consciente.
A investigação, liderada por Anika Löwe e a sua equipa, juntou 90 participantes para explorar a forma como o sono influencia a capacidade de insight, através de uma tarefa chamada Perceptual Spontaneous Strategy Switch Task (PSSST). A tarefa escondia uma regra: inicialmente, os participantes baseavam-se no movimento de pontos para responder, mas, a certa altura, a cor passou a ditar a resposta certa — quem a descobrisse, demonstrava ter alcançado insight.
O sono certo no momento certo
Os resultados foram claros: apenas 70,6% dos participantes descobriram a regra escondida, mas esse número subiu para 85,7% entre os que dormiram durante a fase N2 do sono. Em contraste, só 55,5% do grupo que ficou acordado teve sucesso, e 63,6% dos que dormiram na fase N1.
A chave pode estar num indicador pouco explorado da atividade cerebral: a chamada inclinação espectral, que mede padrões não rítmicos no cérebro. Uma inclinação mais acentuada – sinal de menor “ruído de fundo” e de sono mais profundo – foi associada a uma maior probabilidade de alcançar momentos de insight, especialmente nas regiões fronto-centrais do cérebro.
“Aquilo que realmente fez a diferença não foram os ritmos clássicos do sono, mas os padrões irregulares”, explicou Anika Löwe. Estes padrões poderão estar ligados a um processo de limpeza neural, conhecido como redução sináptica, uma espécie de “reinício” do cérebro que ocorre durante o sono.
A descoberta reforça a ideia de que o sono não serve apenas para descansar, também prepara o cérebro para ver o mundo de forma diferente. E mesmo uma curta sesta, desde que profunda, pode desbloquear soluções criativas ou respostas inesperadas.